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Vitrail Palácio Saturnino de Brito (Santos)

Location: 
Av. São Francisco nº 128, Santos - São Paulo
Vitrail Sabesp Santos

Vitrail SABESP Santos

0 Palácio Saturnino de Brito foi construído em 1936 para abrigar a antigo Repartição de Saneamento, e hoje é ocupado pela Sabesp - Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. 0 autor do projeto foi o engenheiro Paulo Cesar Gomes Martins.

Nada se compara à visão que o visitante tem ao entrar no Palácio. Da sua grande porta de entrada, de ferro batido, destaca-se uma escadaria, de mármore nacional, que emoldura um imponente vitral. Com 6 metros de altura, a obra, intitulada "Os Bandeirantes", retrata a escalada da Serra do Mar pelos portugueses, acompanhados de indígenas, no transporte de riquezas. Resume visualmente a formação de etimologia e cultura do Estado de São Paulo. “Bastante colorido, com figuras bem elaboradas, transmite uma imagem que pode ser equiparada ao moderno tropicalismo” explica Regina Lara Silveira Mello, artista plástica e professora da Universidade Mackenzie, neta da família Conrado, responsável pelos vitrais do Palácio Saturnino de Brito. Além disso, o ambiente é iluminado por uma cúpula também de vitral, com o escudo do Estado de São Paulo no centro.

Tanto o projeto do edifício como a sua construção foram executados diretamente pela Repartição de Saneamento. No acabamento, colaboraram o Liceu de Artes e Oficios de São Paulo; Sebastião Sparapani; Fischet Schwartz-Haumont; Presgrave, Melo & Cia.; S.A. Mármores Brasileiros; Oliveira Grecco & Cia. Ltda.; Casa Conrado (responsável pelos vitrais); Casa Verde; Sotema; General Electric; Manfredo Costa & Cia.; La Fonte; Casa Reingantz; e Casa Alemã.

Em 1925, Conrado Sorgenicht II viajou a Europa para visitor a “Exposition des Arts Decoratifs de Paris”, e percorreu a Alemanha, a Itália, a França e a Bélgica. Foi de la que veio o belga François Frank Urban, que trabalhou durante muitos anos no Casa Conrado e criou o vitral da Sabesp de Santos. 

A composição mostra em primeiro plano uma arvore gigantesca ao centro, um grupo de bandeirantes armados e índios carregando pesados fardos; ao fundo, a esquerda, bem ao longe, um pedaço de mar, com caravelas atracadas a beira da mata. As roupas dos bandeirantes certamente são citações diretas a obra de Benedito Calixto: a figura de Domingos Jorge Velho e reconhecível, com seu enorme chapéu de aba levantada na frente, seu gibão acolchoado, botas altas, espada e bacamarte; as caravelas com suas velas murchas, bem naturais, e a plumagem dos índios também se assemelham a sua obra. Mas ho um tom de realismo diferente, que não busca mais a representação da lenda, o exótico na mitologia indígena. Ali, a mata cerrada, a vegetação, os pequenos animais, são na realidade os verdadeiros inimigos dos bandeirantes desbravadores, e também mesmo seu objeto de fascínio.

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Destacam-se, em primeiro plano, grandes samambaias, palmeirinhas, chapéus-de-sol, bromélias e muitas outras plantas tipicas da região. A moldura do vitral o situa em um conjunto de obras realizado entre 1930 e 40, quando são pintadas em grisaille sobre vidro na cor âmbar. Elas parecem voltar aos antigos fingimentos, que imitavam ornatos de gesso, onde aparecem frutas variadas como abacaxis, bananas e uvas. 

Fontes

Fotos: Marc Storms, outubro de 2015