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Van Emelen, Jacques Marie Joseph Léon (1863 – 1946)

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Jacques Marie Joseph Léon van Emelen nasceu em 24 de agosto de 1863, em Lovaina, Bélgica. Formado Dom Amaro ou Jacques Van Emelen sacerdote em 1888, tornou-se, depois, beneditino. Em 1895, viajou ao Brasil em uma missão de revitalização das abadias beneditinas brasileiras com ajudante do dom van Caloen. Professou em Olinda (PE) em 1896. Em 1899, retornou à Europa, onde foi nomeado chefe da administração da recém-criada abadia beneditina em Sint-Andries, em Bruges. Recebeu o nome monástico de dom Amaro, como se tornou conhecido no Brasil, especialmente na capital paulista.

Em 1903, mudou-se definitivamente para a América do Sul, ocupando diversos cargos. Entre eles, o de diretor do colégio e prior do mosteiro, alternando períodos em mosteiros de Olinda, Rio de Janeiro e São Paulo. Sumindo o cargo de prior do mosteiro em Salvador (BA) de 1902 a 1904. O nome dele consta no livro de cadastramento dos belgas do Consulado da Bélgica em Salvador, com data 6 de abril de 1904, e função Superieur de convent. Em seguido foi diretor da Escola Agrícola de Brotas (BA) durante um ano. Enviado para o Rio de Janeiro onde foi nomeado reitor do Ginásio de São Bento, função que exerceu de 1905 a 1907, acumulando neste último ano também o cargo de prior do mosteiro. Depois foi mandado ao Ceará na qualidade de prior do convento e diretor do colégio em Quixadá, durante um ano. Voltando por Olinda, onde assumiu o cargo de prior ate 1909, seguindo para ser reitor do Ginásio de São Bento no Rio de Janeiro. No ano seguinte seguiu para o Capítulo Geral da Ordem Beneditino em Roma. Estabeleceu-se em 1910 definitivamente em São Paulo, sendo prior do mosteiro até 1920, acumulando a função de reitor do ginásio.

Convidou, ao pedido do abade do mosteiro São Bento em São Paulo, dom Miguel Kruse, seu irmão, o escultor e pintor Adrien Henri Vital van Emelen, para participar da criação de estátuas de santos e apóstolos para a nova igreja.

Em 1920 fez uma viagem de recreio à Europa trazendo na volta o prof. dr. Leonardo Van Acker para a Faculdade Livre de Filosofia e Letras (FLFL), em São Paulo, agregada à Universidade Católica de Lovaina. Foi reitor da FLFL de 1921 a 1924. Nos anos de 1926 a 1927 esteve a frente da Escola Superior de Agricultura de Tapera (PE) e prior da comunidade beneditina no convento daquela localidade. Voltando a São Paulo, foi nomeado reitor do colégio de São Bento, função que desempenhou durante o ano de 1928. Assumiu o cargo de prior da abadia de 1933 a 1936 e, novamente, de 1938 a 1939. Em seguido retirou-se para a chácara dos Morrinhos em Santana, São Paulo, pertencente ao mosteiro, onde se dedicou ativamente à criação de abelhas. Em 1940 foi nomeado 1° vigário da recém-fundada paróquia das Pitangueiras nas terras da mesma chácara.

Foi colaborador ativo do jornal Correio Paulistano e outros matutinos da capital.

Van Emelen Jacques Diccionario ApicolaDom Amaro fez importantes contribuições à ciência brasileira. Durante sua primeira estada no país, em 1895, introduziu a abelha italiana (Apis mellifera ligustica) em Pernambuco. Mais tarde, escreveu obras sobre apicultura, entre as quais o Diccionario Apícola, de 1927, e a Cartilha do Apicultor Brasileiro, de 1934.
O Diccionario Apicola é um glossário que traz centenas de expressões sobre o universo das abelhas. O estudo registra a presença de noventa espécies, acompanhadas de 73 nomes populares, além de um vocabulário sobre a anatomia do inseto. Trata-se de uma publicação original, a primeira descrição científica de boa parte desses termos. O trabalho inclui um capítulo denominado “Nomenclatura apícola”, que agrega informações sobre colmeias, parasitas e doenças e modo de construir os apiários.

A primeira edição da Cartilha do Apicultor Brasileiro, um trabalho ilustrado, foi publicada pela revista Chácaras e Quintais. A Cartilha do Apicultor Brasileiro foi elaborada a partir de duas edições anteriores. A primeira edição, de 1915, era um simples folheto com o título “Criação de Abelhas”, publicado na revista Chácaras e Quintaes, apresentando setenta páginas ilustradas. A segunda edição, de 1924, foi aperfeiçoada, mantendo o formato e a aparência de um opúsculo, com título de Abelhas, Mel e Cêra. A terceira edição, de 1934, a famosa Cartilha do Apicultor Brasileiro – Abelhas, Mel e Cêra apresenta três grandes partes – Abelhas, Mel e Cera – com 57 capítulos ilustrados com 254 gravuras e adotou a forma de ‘perguntas e respostas’, muito didática e agradável ao leitor. Durante muito tempo, foi manual obrigatório sobre apicultura no Brasil e abriu o caminho para estudos posteriores na área.

Dom Amaro anotou em 7 de julho de 1936 que ele esteve fazendo a tradução par o português do livro em neerlandês “De godsvrucht tot het Apostelhart van Jesus, ziel der katholieke actie” (A devoção ao coração apostólico de Jesus, alma da ação católica) do autor V. Van Den Bosch, publicado em 1933, na cidade de Antuérpia para a “Prokure der Missionarissen van Afrika”. O seu diário pessoal mostrou que era poliglota e dominou o neerlandês, francês, alemão e português além do latino.

Faleceu em 12 de novembro de 1946 e está sepultado no túmulo das famílias van Emelen e Nicolau Giudice, no Cemitério de São Paulo, na rua Cardeal Arcoverde, 1250, Q11-200.

Pesquisa: Marc Storms, com ajuda do mosteiro de São Bento em São Paulo