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Danly, Albert Marie Joseph (1867 - 1908)

, Marcinelle -
Forges d'Aiseau
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Albert Marie Joseph Danly nasceu em Aiseau (Bélgica) em 17/04/1867 e morreu em 1908 em Boulogne-Billancourt, Hauts-de-Seine, Île-de-France, França. Era filho do Joseph Barbe Leonard Danly (19/03/1839 - Marcinelle, Bélgica - 1899) e Josephine Marie Octavie Léandrine Jullien que se casaram em 1864.

Joseph comprou em 1863, com seu irmão Louis, um banqueiro, uma forja localizada em Aiseau, perto de Charleroi (Bélgica). Eles o desenvolveram, principalmente fabricando equipamentos ferroviários. A fábrica lucrou com o trabalho da chapa nas suas oficinas de estampagem, caldeiraria e galvanização quando, após a morte do irmão, quis lançar-se em novas atividades. Sua primeira patente, concedida na Bélgica em julho de 1885, intitulava-se A construção de edifícios em chapas estampadas. Em 1885, foi formada a Societé Annonyme des Forges d’Aiseau, e vários interessados investiram na sociedade. Expôs sua criação em um concurso do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, no qual obteve o segundo lugar. Não demorou muito para o sistema obter sucesso. Em 1887, depositou uma patente de aperfeiçoamento, descrevendo uma estrutura. Esta patente belga foi, pouco tempo depois, complementada em França por uma idêntica "patente de invenção". Isso foi operado por Forges et a empresa Fonderies d'Hautmont (Nord), que adquiriu uma licença de fabricação para a França e as suas colônias.

Após a morte de Joseph Danly, em 1899, seu filho Albert Marie Joseph Danly, deu continuidade às atividades da fábrica. Albert era Engenheiro de Minas, formado pela Escola de Artes e Manufaturas de Liège, e viajou o mundo para a construção de "casas de ferro" estando a empresa vinculada por vários contratos com muitas pessoas na altura da morte de Joseph em 1899, haveria várias alegações ainda não esclarecidas.

Albert Danly casou-se em 20 de abril de 1892 em Charleroi, (Bélgica) com Gabrielle Juliette Amédée Fourcault. Gabrielle era prima do engenheiro Emile Jules Charles Fourcault. Albert Danly e sua esposa tiveram 4 filhos:

  • Paul, morreu aos 20 anos em 1914 sem deixar herdeiros
  • Lucien, nascido em 1895 (sem informações sobre ele, casamento ou falecimento)
  • André, nascido em 1897 (sem informações a seu respeito, casamento ou falecimento)
  • Jean Marie Fernand Joseph, nascido em 9 de julho de 1899 em Aiseau, Bélgica e falecido em 9 de julho de 1944, Baisy-Thy, Bélgica

Albert Marie Joseph Danly faleceu no barco "Le Parisien", no cais de Boulogne, em 8 de junho de 1908 em Boulogne-Billancourt, Hauts-de-Seine, Île-de-France, França. Seu falecimento foi registrado em Paris, transcrição de óbito nº 1681, folha 79 estabelecida em 12 de junho de 1908.

Forges d'Aiseau

Forges d'Aiseu publicité

O Sistema Danly consiste na utilização do ferro como material quase absoluto em uma construção, presente nas estruturas, vedações, forro e telhas. Era um sistema essencialmente industrial e estandardizado, em que todos os elementos eram feitos por meio de gabaritos e prensas. Entretanto, por mais que seja um sistema industrial, Joseph Danly quis dar beleza e rigidez às suas construções, por meio das chapas estampadas, que funcionavam como peças decorativas para a maior aceitação dos edifícios em ferro pelo público.

Os edifícios construídos segundo esse sistema dão a impressão de ser “uma caixa bem fechada”, que, no canteiro de obras, dispensava o uso de andaimes para construções baixas, já que as fiadas que compunham as paredes e estruturas eram horizontais. As paredes eram compostas por chapas estampadas que distavam entre si um espaço considerável para que se sustentassem firmemente, e para provir a área de isolamento térmico e ventilação. A ventilação das paredes feitas em ferro garantia uma queda de 5º C em relação às de alvenaria, e no inverno garantiam a menor dissipação do calor dentro dos ambientes.

Desde então, o Sistema Danly foi utilizado em várias partes do mundo, especialmente em países amplamente influenciados pela cultura europeia, como o Brasil. A produção de edifícios indica o êxito do sistema, inclusive quando se tratava de edifícios a serem montados em locais de clima temperado e frio.

No Brasil, foram construídos com o Sistema Danly, dois chalés em Belém (PA), a Estação Ferroviária de Bananal (SP), o Mercado São João em São Paulo (SP) e o Armazém do Porto em Manaus (AM).

Em 1986, seus edifícios ainda em curso na América Latina foram o pretexto de tese de mestrado em conservação do patrimônio arquitetônico e urbano na Universidade de Louvain pelo arquiteto Bernard Pirson "Architecture métallique démontable au XIXe siècle exportée d'Europe vers les pays d'Outre-mer : une contribution belge : Les Forges d'Aiseau".

Mercado Público de São João

Mercado São JoãoO Mercado Público de São João, construído na cidade de São Paulo em 1888, foi inaugurado em Junho de 1890. A sua construção ocorreu no local onde anteriormente existiam pequenos e antigos edifícios situados na Rua do Seminário, pertencentes à Santa Casa de Misericórdia. Ele foi construído em estrutura de ferro e fechado nas laterais com chapas de aço galvanizado. As paredes duplas eram autoportantes, executadas em chapas prensadas de ferro galvanizado, com orifícios nas partes inferior e superior de tal forma que o ar circulava forçosamente no sentido ascendente, diminuindo a temperatura interna.

Sobre as características tipológicas, este edifício possuía forma retangular, sendo fechado nas laterais e coberto. Tinha oito janelas e uma entrada em uma das fachadas. A cobertura era composta por telhado de duas águas e dotada na parte mais alta de lanternim, para permitir melhor iluminação e ventilação no interior do edifício.

Com a abertura da Avenida São João, teve ser desmontado, sendo deslocado para baixo do Viaduto Santa Ifigênia, por volta de 1914. Permaneceu no local por cerca de dez anos, sendo demolido quando efetuadas as obras de transformação do Vale do Anhangabaú.

O mercado foi erigido pela firma Aurélio, Villa Nova & Comp., que em suas propagandas anunciava construir com chapas estampadas de aço galvanizado pelo Sistema Danly.

O responsável pelo projeto  era o escritório Aurélio, Vilanova & Comp., representante do sistema Danly em São Paulo. José Jacinto Ribeiro mencionou que o autor do mercadinho da Rua de São João era Francisco Teixeira de Miranda Azevedo, um dos sócios daquele escritório, de que se conhecem os anúncios parcialmente transcritos em Arquitetura do ferro no Brasil.

Fontes:

  • ESTUDO TECNOLÓGICO DO CHALÉ DE FERRO IOEPA: SUBSÍDIOS PARA A SALVAGUARDA DA ARQUITETURA DE FERRO NO BRASIL / FLÁVIA OLEGÁRIO PALÁCIOS. - Salvador, 2011.Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de mestre em Conservação e Restauro.
  • Materiais e processos construtivos (Parte 1 da tese de doutorado de Eudes Campos - 1997).
  • https://www.vitruvius.com.br/...
  • http://www.arquiamigos.org.br/...
  • E-mail de Ann Heusdains de 07/06/2023 que forneceu informações genealógicas
  • https://be-monumen.be/patrimoine-belge/forges-d-aiseau-societe-des/

As datas de nascimento e falecimento do Albert foram mudadas no dia 08/06/2023 com base as informações recebidas por Ann Heusdains.