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Gallois, Dominique (1950 - )
Dominique Tilkin Gallois, filha de pai belga diplomata, nasceu em 1950, na cidade de Xangai (China). Ela passou a infância em vários países, tendo morado inclusive no Brasil quando seu pai, Georges Tilkin, atuava como consul geral da Bélgica nos anos 1968 - 1970 em São Paulo.
Dominique se formou em Ciências Sociais, Econômicas e Políticas na Universidade Livre de Bruxelas, no ano de 1974, tendo defendido trabalho na graduação sobre a situação dos indígenas mexicanos no período da revolução de 1910 denominado Les théories indigenistes au Mexique, de 1920 à nos jours.
Durante esse período que envolveu sua graduação, apesar de ter se deparado com professores que ensinavam Antropologia sob um viés colonizador que inferiorizava os povos não europeus, ela teve contato com outras perspectivas teóricas que rejeitavam essa visão colonial, especialmente a obra Tristes Trópicos do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss e as aulas de Etnologia Africanista ministradas pelo professor e antropólogo belga Luc de Heush.
Em 1975, Dominique Gallois se casa e decide mudar para o Brasil, onde irá estudar fazer uma especialização por meio de um acordo bilateral entre o Brasil e a Bélgica. A partir das investigações desenvolvidas desde então, desenvolveria pesquisas que resultariam na obtenção de um mestrado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo, após defesa de dissertação em 1980. Depois de realizar investigações etnológicas, ingressaria no doutorado, onde consolidaria seus estudos com os Wajãpi, concluindo o seu doutoramento, em 1988, também na área de Antropologia Social perante a USP.
Ingressou como professora no Departamento de Antropologia da USP em 1985, onde ensinou disciplinas da graduação como Antropologia III: Estruturalismo, Antropologia IV: Introdução à Etnologia Indígena, Estudos de Cultura Material, Etnologia Indígena: cosmologias comparadas, e Tradição oral.
Em 1988, ela defendeu a tese de doutorado O movimento na cosmologia waiãpi: criação, expansão e transformação do universo na USP. Além de desenvolver pesquisas sobre os Wajãpi, ela também coordenou pesquisas sobre as relações interétnicas dos povos indígenas da Amazônia, abrindo novas perspectivas teóricas sobre o debate envolvendo o isolamento dos povos indígenas.
Dominique Tilkin Gallois participou da fundação de diversas ONGs voltadas para atuação política indigenista em favor dos povos indígenas como o CTI, fundado em 1979, e o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), fundado posteriormente por Gallois em conjunto com outros professores da USP. Ela foi co-diretora de alguns documentários com temática indigenista e orientou diferentes dissertações de mestrado e teses de doutorado que foram premiadas.
Atualmente é professor colaborador senior da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios - CEstA.
Ela é autora dos seguintes livros:
- Migração, Guerra e Comércio: Os Waiãpi na Guiana. São Paulo: USP, 1986.
- Mairi Revisitada: A Reintegração da Fortaleza de Macapá na Tradição Oral dos Waiãpi (1994).
- Kusiwa: pintura corporal e arte gráfica Wajãpi. Rio de Janeiro: Museu do Indio - Funai, 2002.
- Patrimônio cultural imaterial e povos indígenas: exemplos do Amapá e norte do Pará. São Paulo: Iepé, 2006.
- Expressão gráfica e oralidade entre os Wajãpi. Rio de Janeiro: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2006.
- Terra Indígena Wajãpi. Da demarcação às experiências de gestão territorial. São Paulo: Instituto de Pesquisa e Formação Indígena - Iepé, 2011.
Fontes: