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Museu Paulista (São Paulo) - Estátua do Bandeirante Francisco de Brito Peixoto

Location: 
Parque da Independência, São Paulo - São Paulo
São Paulo Museu Paulista Francisco de Brito Peixoto
Data de inauguração: 
quinta-feira, 26 Janeiro, 1922
Material: 

No Museu do Ipiranga, é de autoria de Adrien Henri Vital van Emelen (Lovaina, Bélgica,1868/São Paulo, 1943), a Estátua de bandeirante Francisco de Brito Peixoto. Francisco de Brito Peixoto (São Vicente, 1650 — Laguna, 25 ou 31 de outubro de 1735) foi o fundador, juntamente com seu pai Domingos de Brito Peixoto, da vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna em 1684, e mais tarde, entre 1715 e 1718, explorador e descobridor, à custa de seus cabedais, dos campos do Rio Grande de São Pedro do Sul. Também fez a ligação por terra de Laguna a Rio Grande, a Maldonado, à Colônia do Sacramento e a Montevidéu.

Francisco de Brito Peixoto belga Van Emelen

Esta obra foi solicitada pelo então diretor da instituição, Affonso D’Escragnolle Taunay. Dois anos depois que ele assumiu o posto de diretor do Museu Paulista, em julho de 1919, Taunay escreveu para Oscar Rodrigues Alves, Secretario do Interior (do Estado de São Paulo), sobre seus planos para completar a decoração interna do Museu. “Quanto a parte de escultura, verifico que, na escadaria há um lugar marcado para quatorze grandes estátuas, como, porém, ficaria excessivamente caro resolver ao mesmo tempo esta parte, deixo dela tratar atualmente, assim também como da pintura dos diferentes painéis que devem ser ornamentados e de que só na Sala de Honra existem quatro.

Logo depois ele trocou cartas com, entre outros Basílio de Magalhães perguntando sugestão de personalidades a figurar no salão de honra e nas salas do Museu Paulista. “Dominando a escadaria do Museu há seis consolos onde devem ir estátuas. Lembrei-me de ali pôr em mármore: Fernão Dias Paes Leme (lembrando a incorporação do território de Minas), Bartholomeu Bueno da Silva (Goiás), Paschoal Moreira Cabral (Mato Grosso), Antônio Raposo Tavares (expulsão dos jesuítas além Paraná e conquista do Paraná), Francisco de Brito Peixoto (Santa Catarina), Gaspar de Godoi Colaço (Rio Grande do Sul). Assim representarão estas seis figuras as seis circunscrições que se destacaram de São Paulo e a conquista do nosso hinterland.”

Na escolha definitiva pelas estátuas em bronze não foram escolhidos Fernão Dias Paes Leme, Antônio Raposo Tavares e Gaspar de Godoi Colaço e entraram Manoel de Borba Gato (Minas Gerais-1720), Manoel Preto (Paraná-1853) e Francisco Dias Velho (Santa Catarina –1738). Em cada pedestal assinalou-se o nome do Estado alcançado pelo bandeirante e a data de sua separação do território de São Paulo. As esculturas ressaltam a indumentária do bandeirante que ficou no imaginário popular – o chapéu com abas largas, botas de canos altos, bacamartes, polvarinho e facão. Duas esculturas apresentam o gibão de armas ou “aramas de algodão”, o “esculpil dos hespanhóes”, no dizer de Taunay. Antônio Raposo Tavares e Fernão Dias Paes receberam uma escultura em mármore de Carrara.;

Em fevereiro de 1920 em carta, Pinto o Couto lhe perguntou novidades sobre “aos ‘vasos’ de que falamos”. Taunay respondeu “Há grandes expectativas, mas está tudo suspenso até agora, até a posso do novo governo ainda não tive autorização alguma. (...) Como lhe disse o serviço de estatuária do Museu constará de 6 estátuas de mármore e 1 de bronze, além dos vasos ornamentais também de bronze.”

Taunay sabe que era melhor esperar a chegada da comemoração do centenário da independência para falar com políticos sobre seus planos. E um ano depois, em 06 de julho 1921, o Diretor em Comissão do Museu – provavelmente Taunay - apresentou o projeto para o novo Secretario do Interior Dr. Alarico Silveira e explicou os detalhes e preços: “Uma estátua grande do D. Pedro I no centro da escadaria ... seis estatuas menores, decorativas de bandeirantes acompanhando a caixa da escadaria, oito vasos monumentais da escadaria, todas estas peças de bronze. Para as estátuas dos bandeirantes tenho propostas dos Snrs. Zani e Rollo que os fazem por noventa contos e do Snr. Henrique V. Emelen que os fazem por setenta e oito contos e apresentou uma maquete que se acha em poder de V. Ex. Para os vasos não tenho a proposta do Snr. Emelen que V. Ex. já conhece; executa os oito vasos monumentais por dez contos segundo o projeto que V. Ex. já conhece e aplaudiu.

Em outubro do mesmo ano recebeu a autorização “a despender a quantia de vinte e oito contos de reis com a aquisição de duas estátuas decorativas da escadaria monumental desse Museu, de acordo com a proposta feita pelo Sr. Henrique Emelen.”

E no final do mês de janeiro 1922 van Emelen entregou as obras. Neste momento, Taunay explicou para Alarico Silveira “O pedido de quinze contos de reis por conta da verba ‘Comemoração do Centenário’ que a V. Ex. enderecei a 26 de janeiro corrente, destina-se a pagar as obras de escultura que nestes dias serão entregues pelo prof. Emelen e o prof. Zani.”

Obedeceu-se ao projeto de van Emelen, que recebeu elogios de pareceristas chamados por Taunay, Mario Whateley e Bruno Magro. 

Fontes

  • Informações sobre o acervo na correspondência da diretoria. Gestão: Affonso d’Escragnolle Taunay (1917 – 1945) Museu Paulista – Serviço de Objetos (pesquisa por Marc Storms no dia 18 de março de 2015)
  • Ornamentação do Museu Paulista para o Primeiro Centenário: construção de identidade nacional na década de 1920 / Miyoko Makino (Museu Paulista da USP) 
  • https://pt.wikipedia.org/wiki/...