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Gradil de ferro - túmulo de Bertha Adele Théreze de Jaegher (1877 - 1897)

Location: 
Cemitério do Bonfim, Belo Horizonte - Minas Gerais
Belo Horizonte Cemitério Bertha De Jaegher
Data de inauguração: 
sábado, 6 Fevereiro, 1897

O primeiro túmulo oficial do novo cemitério do Bonfim em Belo Horizonte é o de Bertha Adele Théreze de Jaegher, filha do engenheiro belga Joseph François Charles de Jaegher, que trabalhou na construção de BH. Bertha nasceu na cidade de Bruges na Bélgica no dia 14 de fevereiro de 1877. Ela mudou se com o seu pai, a mãe, Anne Cathérine Sophie Clara Feldhaus e suas duas irmães, Marguerite e Clara, para Belo Horizonte no final de 1895. Bertha morreu antes de completar 20 anos no dia 6 de fevereiro de 1897.

 

O gradil de ferro foi fabricado por La Brugeoise

Atesta o livro Belo Horizonte – Memória Histórica e Descritiva – História Média, do historiador Abílio Barreto:

"O primeiro corpo que recebeu o Cemitério do Bonfim foi o da senhorinha Berta Adele Teresa de Jaegher, de 20 anos de idade, filha do engenheiro belga Dr. Joseph de Jaegher e de sua espos, Sra. D. Ana Catarina Sofia Clara Feldhaus, no dia 8 de fevereiro de 1897. O saimento fúnebre, realizado a pé, conduzindo o corpo da primeira habitante do nosso campo santo, teve grande acompanhamento, pois a família De Jaegher pertencia ao número das mais ilustres de Belo Horizonte.

A sua sepultura ficou em posição diferente de todas as outras, talvez por descuido do empregado encarregado daquele serviço, que efetuou o sepultamento sem prévia consulta à 3° Divisão da Comisão Construtora, sobre a posição que deveriam obedecer as sepulturas.

Visitamos agora essa sepultura, que se acha na quadra 5, cercada de gradil de ferro, em cujo centro se ergue belo e virente cipreste, que cobre de sombra o jazigo, onde há também uma cruz de madeira com o nome da extinta, o ano de seu nascimento (1877) e o do seu enterramento (1897), além de uma grinalda metálica danificada pela ação do tempo, com inscrições ilegíveis."

Ninguém sabe o motivo da sua morte. Muitos pesquisadores acreditam que ela morreu de tuberculose. Curiosamente, ao longo dos anos, brotou no exato local um cipreste, árvore que tem a mesma idade do cemitério, fato que atiça a imaginação de quem frequenta o cemitério. 

O pai trouxe das suas usinas, La Brugeoise, este rendado gradil de ferro, pintado de branco, com portão de duas folhas. 

Jazigo Bertha De Jaegher

Caso ObliquoEsta morte e o enterro suspeito, feito às pressas, deflagraram a curiosidade da escritora Beatriz de Almeida Magalhães, que resultou no livro Caso Oblíquo (Autêntica Editora). O livro reconstrói de forma ficcional a atmosfera dos primeiros anos de Belo Horizonte. A protagonista de Beatriz era uma imigrante belga que, como tantos outros imigrantes, veio para o Curral Del Rey no final do século XIX. “Ela morreu no começo de 1897, antes dos 20 anos. E foi um caso abafado, em que o pai não quis que ela fosse enterrada no cemitério provisório. Então ela foi enterrada onde seria o definitivo, mas que sequer havia sido demarcado”, diz a autora. Por esse motivo, a jovem foi enterrada de forma oblíqua em relação ao traçado correto, daí o nome do livro. “O enterro dela contrariava esse pensamento positivista, geométrico e regular, que norteava a fundação da cidade. Ela acabou enterrada a 45 graus do que deveria ter sido”, conta.

Beatriz estudou a história da fundação da capital mineira. É autora também de “Belo Horizonte: Um Espaço para a República” (Proex/UFMG, 1989), livro que analisa o projeto de construção da cidade e a ideologia por trás de sua concepção. 

O jazigo da Bertha fica na quadra 5. 

Fotos: Marc Storms, julho 2015

Livro: Caso Oblíquo / Beatriz de Almeida Magalhães. - Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2009. - ISBN 978-85-7526-442-3