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Ladrilho hidráulico belga no antigo edifício dos bancos Nacional do Comércio, Sulbrasileiro e Meridional (Porto Alegre)
O antigo edifício dos bancos Nacional do Comércio, Sulbrasileiro e Meridional foi transformado em um moderno centro cultural da capital gaúcha. Inaugurado em agosto 2001, o Santander Cultural é resultado de um projeto de intervenção do arquiteto Roberto Loeb, que preserva a memória arquitetônica e cria um diálogo de contraste entre o velho e o novo.
Manter as características originais do prédio, concebido pelo arquiteto e escultor Fernando Corona por volta de 1920 (não há consenso sobre essa data), foi uma das metas de Roberto Loeb, que incorpora na sólida e monumental construção eclética, inaugurada em 1932, elementos arquitetônicos contemporâneos. O contraste entre o antigo e o novo foi materializado pela construção de um átrio central no antigo poço de ventilação e iluminação do prédio. Com piso estrutural de vidro, o elemento revela os três grandes vitrais do hall central como um tapete colorido e luminoso aos pés de quem caminha sobre o novo espaço.
Recuperar a feição original do hall central foi uma das metas do projeto. Os vitrais, assim como os ornamentos concebidos dentro da influência da École Nationale de Beaux Arts, foram restaurados e preservados. O espaço é praticamente o mesmo de 70 anos atrás, com exceção das instalações técnicas das galerias, localizadas em uma área adjacente. Sem rasgar a alvenaria, calhas, bandejas e dutos percorrem o ambiente, contrastando com os ornamentos inspirados no estilo neoclássico francês, como as colunas coríntias e o piso em ladrilho hidráulico de grês belga. "Não quis maquiar o equipamento", diz Loeb, que optou pela diferenciação entre a antiga e a nova arquitetura.
"O restauro revelava surpresas da arquitetura original que nortearam as decisões de projeto", explica Loeb, que concebeu o projeto simultaneamente à execução da obra, num processo que durou 110 dias. Uma das descobertas foi o piso em ladrilho hidráulico belga na área onde hoje se encontra o restaurante, que durante anos ficou escondido sob uma laje.
Fonte:
- Ecletismo e reciclagem: o edifício do MARGS, do Memorial do RS e do Santander Cultural / José Luiz Tolotti Filho. - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. disponível em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26716/000755042.pdf?seq...
Fotos: Marc Storms, março de 2016